quarta-feira, 14 de abril de 2010

ASPECTOS CULTURAIS E RELIGIOSOS DAS FESTAS DO DIVINO ESPIRITO SANTO NA VILA RABO DE PEIXE ILHA DE SÃO MIGUEL AÇORES










ASPECTOS CULTURAIS E RELIGIOSOS DAS FESTAS DO DIVINO ESPIRITO SANTO NA VILA RABO DE PEIXE ILHA DE SÃO MIGUEL AÇORES



Existe uma devoção especial pelo Divino Espírito Santo que envolve aspectos culturais e religiosos nos Açores Ilha de São Miguel mais precisamente na Vila de Rabo de Peixe, diferenciada pelas Festas das Bandeiras é uma das mais expressivas manifestações da cultura sócio religiosa.

Esta celebração tem duas formas de comemoração, a Bandeira da Beneficência, ou as “Festas da Beneficência” e a Bandeira da Santíssima Trindade, designada pelo povo “Festas da Caridade”.
Acompanhando estas duas Bandeiras, ocorrem as
famosas “Despensas” e “Bailinhos”,danças originais
de Rabo de Peixe. São seis as coroações em Rabo de Peixe,
a de São Sebastião, a de São João, a de São Pedro, a dos
Inocentes(crianças), a da Santíssima Trindade e a do Rosário.
O dia considerado mais importante das festa é no domingo,
com a realização das procissões.
As Festas do Espírito Santo envolvem algumas
danças tradicionais, denominadas “Despensas”, diferentes
dos restantes “Balhos” da ilha.O destaque maior fica por conta do Balho dos
“Homens da Terra” e o dos “Homens do Mar”,dançam
apenas homens, ao som de castanholas, acordeom e violas da terra que tocam e cantam em ritmos compassados
durante a apresentação. No entanto, ao longo da dança as mulheres
podem entrar quando desejarem, mas, nunca iniciam
este ritual lado a lado com os homens.
Para ser mordomo destas Festas do Divino muitas vezes as pessoas tem que ficar a espera por mais de quatro anos, com seus nomes em uma agenda. Fazem parte da comissão mais de setenta e cinco irmãos, é um ano de trabalho intenso, rezas e novenas, pedidos de ajuda e agradecimentos as graças concedidas pelo Divino. A abertura do quarto no qual vão estar os símbolos do Divino Espírito santo entre eles o mais importantes que é a bandeira é no dia vinte e cinco de abril. Os irmãos pagam as pensões de trinta euros são mais de cem pessoas e ainda fazem parte destes rituais os que oferecem gueixos, o mordomo fica encarregado de cuidar deles até a véspera das Festas do Divino, a carne destes animais é para fazer as sopas do Divino Espírito Santo.Acompanha o cortejo os sete dons do Divino, são eles: Sabedoria, Entendimento, Conselho, Fortaleza, Ciência, Piedade, Temor de Deus, geralmente eles são representados por crianças, o cortejo sai da casa do mordomo e vai até a igreja de nossa Senhora do Rosário.

PRECE AO ESPÍRITO SANTO (SETE DONS)
1. Vinde, Espírito Santo, Deus amável,Dom inefável da SABEDORIA!Dai-nos o gosto de saborearmosComo sois bom e fonte de alegria.
2. Vinde, Espírito Santo, Deus glorioso,Dom luminoso do ENTENDIMENTO!Enchei de vida todo o Universo:A Criação é o vosso sacramento!
3. Vinde, Espírito Santo, Deus amigo,Divino abrigo, Dom do bom CONSELHO!Dai-nos a graça do discernimento,P’ra decidir à luz do Evangelho!
4. Vinde, Espírito Santo, Deus-Senhor:dai-nos valor e Dom da FORTALEZA!Quando tentados, a fidelidade;Na hesitação, a graça da firmeza!
5. Vinde, Espírito Santo, Omnisciente:A nossa mente implora o Dom da CIÊNCIA,P’ra conhecermos e para louvarmosVossos sinais e a vossa providência!
6. Vinde, Espírito Santo, Deus-Ternura!Vós sois doçura: dai-nos a PIEDADE!Ao Pai queremos ter amor de filhos;Com os irmãos, viver em amizade!
7. Vinde, Espírito Santo, Deus-Amor:Dai-nos TEMOR, o Dom da admiração!Vossa presença faça a nossa vidaEstremecer de assombro e de emoção.


SEQUÊNCIA DO ESPÍRITO SANTO:
Espírito de Deus, enviai dos céus um raio de luz!Vinde, Pai dos pobres, dai aos corações vossos sete dons.
Consolo que acalma, hóspede da alma, doce alívio vinde!No labor descanso, na aflição remanso, no calor aragem.
Enchei, luz bendita, chama que crepita, o íntimo de nós!
Sem a luz que acode, nada o homem pode, nenhum bem há nele.Ao sujo lavai, ao seco regai, curai o doente.Dobrai o que é duro, guiai no escuro, o frio aquecei.
Dai a vossa Igreja, que espera e deseja, vossos sete dons.Dai em prêmio ao forte uma santa morte, alegria eterna. Amém.

ORAÇÃO AO ESPÍRITO SANTO:

Ó Espírito Santo, dai-me um coração grande,aberto à vossa Palavra silenciosa,mas forte e inspiradora,fechado a todas as ambições mesquinhas,alheio a qualquer desprezível competição humana,compenetrado do sentido da Santa Igreja!
Ó Espírito Santo, dai-me um coração grande,desejoso de se tornar semelhanteao coração do Senhor Jesus.
Dai-me um coração grande e fortepara amar a todos, para servir a todos,para sofrer por todos!
Um coração grande e fortepara superar todas as provações,todo o tédio, todo o cansaço,toda a desilusão, toda a ofensa!
Um coração grande e forte,constante até ao sacrifício,quando este for necessário!
Ó Espírito Santo, dai-me um coraçãocuja felicidade seja palpitarcom o coração de Cristoe cumprir humilde, fiel e firmementea vontade do Pai. Amém.



VINDE, ESPÍRITO SANTO:
- Vinde, Espírito Santo, e enchei os corações dos vossos fiéis, e acendei neles o fogo do vosso amor.
- Enviai, Senhor o vosso Espírito, e tudo será Criado, e renovareis a face da terra.
OREMOS: Ó Deus, que instruistes os vossos fiéis, com a luz do Espírito Santo, fazei que apreciemos retamente todas as coisas, e gozemos sempre da sua consolação, por Cristo, Senhor nosso, Amém.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Romeiros de São Miguel





















Romeiros de São Miguel






No dia primeiro de Abril, na igreja da Nossa Senhora do Rosário, às 19hs e 30min houve o encontro de romeiros da Vila Rabo de Peixe, encontro este que reuniu mais de 130 romeiros, a maioria pescadores e agricultores. Um grupo foi escolhido para representar os 12 apóstolos o padre da paroquia fez o ritual do lava pés. Canticos e orações saldaram os romeiros.












É Quaresma!!! E portanto a tradição dos romeiros na Ilha de São Miguel se faz durante oito dias, percorrem toda a Ilha de São Miguel a pé, rezando e cantado enquanto caminham e nas Igrejas e capelas das localidades. Ao final do dia pernoitam na freguesia por onde estão passando. As famílias locais recolhem em suas casas um ou mais romeiros, partilhando com eles a sua mesa e a sua fé. Na madrugada, levantam-se para continuarem a sua romaria. Com eles levam apenas uma mochila, que contém as suas refeições. O traje consiste num xaile, num lenço colorido, um terço de lágrimas e um bordão. Caminham em oração sob o Sol, chuva, vento, calor ou frio.






A origem destas romarias remonta a calamidades ocorridas no século XVI, nomeadamente o sismo de 1522, que destruiu em parte Vila Franca do Campo, na altura a capital dos Açores. Porém, os factos apontam para que o nascimento dos ranchos de romeiros se tenha dado um pouco mais tarde, em 1563, ano em que se sucederam grandes erupções vulcânicas, atingindo toda a ilha.Este tipo de calamidade era, na época, considerado como um castigo divino pelos pecados dos homens.Sabe-se, por relatos de Gaspar Frutuoso, que durante os vários dias que duraram os sismos e erupções, o povo foi realizando pequenas procissões de igreja em igreja, pedindo misericórdia. Diz-se, também, que muitos fugiram, de barco ou a nado, para o Ilhéu de Vila Franca, zona mais afetada dada a proximidade do centro da actividade vulcânica. De qualquer maneira, o povo afirmou ter-se sentido protegido por Nossa Senhora. Atualmente, saem, todos os anos, dezenas de grupos de romeiros, todos homens, mas provenientes das mais diversas classes. Eles percorrem a ilha, indo a todas as igrejas que venerem a imagem de Maria, partindo num sábado e regressando ao ponto de partida no domingo seguinte. Para além do calçado confortável (normalmente sapatilhas), a indumentaria é simples e rapidamente reconhecível: xaile de lã sobre os ombros, lenço e terço ao pescoço, saco de pano para os haveres indispensáveis, bordão para ajudar a longa caminhada e mais um terço, na mão.Caminham em duas filas, ocupando uma faixa da estrada, ou, em ruas mais estreitas. À frente do grupo, e no meio das duas filas, vai o “porta-cruz”, sempre o mais novo do grupo, por isso, normalmente uma criança é escolhida. É sempre curioso notar que, ao contrário do que sucede com muitas tradições regionais, as romarias têm sempre a participação de homens e rapazes de varias idades. Ocupando posição central, embora já no fim da procissão, vão ainda o mestre, obedecido por todos, e o procurador de almas.Este recebe os pedidos de orações das pessoas que vêem o rancho passar (muitas vezes, são pedidas orações por pessoas que se encontram gravemente doentes). O procurador é, aliás, a única pessoa com quem se pode falar, pois todos os outros só podem abrir a boca para cantar as rezas. Qualquer conversa terá de ser autorizada pelo mestre, inclusive nos momentos de descanso. Trata-se de um tempo de sacrifício e penitência.À noite, os romeiros são acolhidos por pessoas da freguesia em que se encontram, sendo que estas, não raras vezes, dão a sua cama, preferindo dormir no sofá ou passar a noite a rezar na sala ou na cozinha. De fato, para muitas pessoas, dar abrigo a um romeiro é tão sagrado como a própria romaria, e já diversas vezes se ouviram relatos de gente pobre que ofereceu toda a sua comida a estes homens, ficando em jejum. Por isso, antes de se deitar, o romeiro reza sempre um terço pela família que o acolheu.Apesar de ser o procurador quem se encarrega de receber os pedidos, a encomendação das almas são uma das obrigações dos romeiros, que prosseguem sempre cantando, num lamento característico e que tem raízes medievais. São encomendadas tantas orações quantas as pessoas que formam o rancho, às quais se acrescentam sempre três: Pai, Filho e Espírito Santo.